Campanha de Prevenção de Saúde Bucal Sorria para a Vida, a ser lançada pela ABCD-FDI no próximo dia 20 de março, com detecção precoce de câncer bucal feita gratuitamente por dentistas voluntários na população, em dois odontomóveis estacionados na marquise da Fiesp (Av. Paulista), é uma das ações programadas até o mês de julho pela entidade. A Sorria para a Vida chama a atenção também para o grave problema da cárie: bebês, com visitas frequentes ao dentista entre 0 e 3 anos, podem ter 69% de redução da incidência da cárie. Para a Associação Brasileira de Cirurgiões-Dentistas (ABCD), é esta posição preventiva que deve ser adotada frente a todas as doenças bucais, da infância até a 3ª idade, pois o saudável é chegar ao fim da vida com todos os dentes, com o suporte do dentista durante todas as fases.
A cárie é uma doença bucal que, se não tratada, pode trazer inúmeros outros problemas graves para a saúde ao longo de toda a vida. No Brasil, bebês com idade entre um ano e meio e três anos já têm em média um dente cariado. Mesmo na região sudeste, onde há mais recursos, a ocorrência de cárie nessa faixa etária varia entre 31% e 39%. Entre as crianças brasileiras em idade escolar, de 60% a 90% delas já têm cáries. No grupo de adolescentes com idade entre 15 e 19 anos, a média de dentes afetados é de 4,2, exatamente o dobro do número médio encontrado no grupo de 12 anos, que é de 2,1. A incidência média mundial aos 12 anos, por exemplo, é de apenas 1,6.
Embora o Brasil tenha avançado bastante com relação à melhora da saúde bucal da população, saindo de uma condição de média prevalência de cárie (2,7 a 4,4) em 2003 para a de baixa prevalência (1,2 a 2,6) em 2010, esses dados do Ministério da Saúde mostram uma situação muito preocupante. E a cárie é uma doença que pode ser prevenida, ou seja, evitável.
Câncer bucal: 14 mil novos casos/ano. 4 mil morrem
Outro problema grave é com relação ao câncer bucal. A cada ano, cerca de 14 mil brasileiros vão apresentar a doença e quatro mil deles irão morrer. As principais causas associadas a essa doença são hábitos nocivos, como elevado nível de ingestão de álcool, uso de qualquer tipo de fumo, má alimentação, próteses mal adaptadas e excesso de sol, entre outros.
A saúde bucal é essencial para se garantir uma boa saúde de maneira geral, possibilitando às pessoas longevidade com qualidade de vida. E o cirurgião-dentista é o profissional capacitado para fazer a avaliação, tratamento e acompanhamento da saúde bucal, colaborando para a boa saúde integral da população.
Cultura da prevenção é o caminho
A prevenção é o caminho para se evitar esses males. Uma boa saúde bucal depende principalmente de uma adequada higienização bucal (escovação dos dentes após as refeições, uso do fio dental, limpeza da língua e das bochechas), hábitos saudáveis, alimentação equilibrada e visitas periódicas ao dentista.
Se, para o adulto, duas visitas anuais ao cirurgião-dentista são suficientes, para as crianças a recomendação é de visitas mais frequentes, segundo dados da Organização Europeia de Pesquisa sobre a Cárie (Orca é a sigla em inglês), que dita o acompanhamento profissional como fundamental, especialmente para as crianças, porque pode reduzir em até 69% a incidência de cáries entre 0 e 3 anos de idade. Além disso, durante a consulta o especialista pode orientar os pais para a promoção de hábitos corretos de higiene para eles, para a criança e mesmo ao bebê.
Campanha de mobilização nacional
“Precisamos criar no Brasil uma cultura de cuidado com a saúde bucal, para evitar quatro mil mortes a cada ano – dado referente ao câncer bucal – e nos prevenir contra doenças graves como endocardite, inflamação das gengivas e diabetes, entre outras”, defende o presidente da Associação Brasileira de Cirurgiões-dentistas (ABCD), Sílvio Cecchetto. A entidade é país membro da Federação Dentária Internacional (FDI) e celebra o dia 20 de Março, Dia Mundial da Saúde Bucal, com mais 100 países em todo o mundo.
Cecchetto estima que, com a conscientização em todos os níveis da sociedade, maior rede de atendimento odontológico em todo o País e fluoretação das águas “pode-se buscar, em um futuro próximo, chegar à saúde bucal ideal, que é manter todos os dentes até o fim da vida”.
Ele defende também a participação do cirurgião-dentista brasileiro – profissionais e estudantes – em campanhas como a Sorria para Vida, que o insere em todos os níveis da sociedade e permitem que ele se aproxime do paciente para ampliar sua atuação como agente da saúde integral da população. “Aposto na ação voluntária de cada cirurgião-dentista – no Brasil somos mais de 264 mil – e cada estudante de Odontologia, o que poderá amplificar muito a abrangência de campanhas de prevenção como a que estamos realizando até julho”, afirma o dirigente da ABCD, que também enaltece o papel de empresas como a Dental Cremer e de entidades como o CRO-SP, “parceiras de peso desde a primeira hora que viabilizam a realização de uma campanha de âmbito nacional como esta que envolve a população, o estudante e o dentista”.